segunda-feira, 29 de março de 2010

Entre lá e cá

Não consigo! Ainda não consigo me desprender desse meus pensamentos, dessas minhas vontades. Na verdade, espero nunca aprender a ter este desapego. Ele me faz bem.

Tenho me conhecido a cada vez que dobro uma esquina e vejo coisas novas, ou mesmo aquelas de sempre, e tenho percebido que gosto de REVIVER. Sim, me agarro ao que me convém e não me preocupo em viver aventuras NOVAS e boas, possivelmente. E não é apenas essa questão que os humanistas dizem sobre o medo que TODAS as pessoas tem, medo de abrir mão do antigo para arriscar o novo, com a incerteza.
Antes fosse só isso...

Aquelas ladeiras estão em mim em forma de beijos e de embriaguez. Aquele sotaque está em mim em forma de sorriso e choro. Aquele cenário está em mim como memória fresca, talvez como realidade.

Tudo ainda é tão intenso que me faz esquecer do meu presente, de VIVER.
E também tão confuso a ponto de me colocar em contradição agora, pois a outra parte de mim grita para que eu viva o hoje e pede para que eu deixe aquele mundo maravilhoso, no qual saboreei, ainda que tardiamente, a liberdade, como "uma das curvas dessa infinita highway". Mas quando paro pra refletir sobre essa possibilidade da "linearidade" da vida, meu coração se contrai - agora já não choro mais, mas, mesmo assim, percebo como minha respiração fica mais curta e o ar torna-se mais denso.

E não venha me dizer que eu tenho que parar de racionalizar. Não estou fazendo isso, estou sentindo e apenas sentindo, mas, de certo, tens razão! Estou julgando toda essa situação, talvez seja porque há o incomodo de ver meus pés fincados no chão e meus pensamentos a quilômetros de distância, de sentir que a libido que me impulsiona, se isso for verdade, está voltada apenas para satisfazer meus desejos sexuais e nada mais. Ela não está me movendo ao encontro dos objetivos que já tinha traçado. Estou parada, esperando o vento soprar meu ser em alguma direção.

As horas caem sobre minhas costas, o vento bate em meu rosto como um carinho de ninar. Amanhã é outro dia, a sombra da lua me diz. Mas, certamente, essa confusão de afetos estará em mim, de alguma forma, e espero que o tempo seja meu amigo, meu melhor amigo, que me faz rir, mas também sabe muito bem como me fazer chorar, que me conhece perfeitamente.
No fundo, ele já está sendo esse meu companheiro, ele já fez eu perceber que o melhor a se fazer é deixar o que vivi como parte da realidade. E como eu já disse, silenciosamente, várias vezes: é se permitir, deixar que as coisas aconteçam, é vivê-las com VERDADE, não se enganar. Deve ser por isso que minha respiração está voltando ao normal, sinto um alívio e abro, neste momento, um sorriso que me fez lembrar qualquer fim de filme de romance hollywoodyano... Porque sinto que aqui é o meu lugar, pelo menos agora!